Quantos hackers você conhece?
Eu quero discutir este tipo de hacker: pessoas que são extraordinariamente boas em programação ou em resolver problemas com computadores. Alguns destes problemas podem ser de segurança e envolvem a quebra de algum sistema. O tipo de hacker que estou discutindo é o desbravador, o que explora fronteiras e descobre originalmente a falha. Quem se aproveita do resultado deste hacker são os script kiddies.
Poderíamos citar vários hackers famosos, como Woz, Linus, Carmack, Bernstein, Wietse Venema etc, mas eu gostaria de focar na figura do Bunnie.
Andrew “Bunnie” Huang é o que eu considero um hacker de primeira linha. Ele constrói coisas desde antes da graduação, como podemos ver aqui: um computador portátil para aquisição de dados biomédicos, um pequeno robô ligado a um Apple II, um sistema para aquisição de dados baseado no 80188 etc. Bunnie fez a graduação no MIT, lugar famoso pela cultura hacker. Durante a graduação, Bunnie trabalhou em lugares como a Intel, Qualcomm e a finada SGI, mas, o mais interessante é a quantidade de projetos que ele continuou executando: um processador DSP baseado em tecnologia VLIW (Very Long Instruction Word), um amplificador classe D – que ganhou um prêmio de US$ 10.000,00 – baseado em um processador RISC, um tacômetro digital para o Corolla dele, um computador específico para quebrar criptografia DES e além disso participou da equipe de um robô submarino. Na sua dissertação de mestrado, trabalhou com hardware reconfigurável, cujo conceito é dividir o trabalho de forma mais efetiva entre o hardware e software. No caso limite, na hora da compilação, o compilador estima quais são as operações mais onerosas e programa o hardware reconfigurável para executar estas operações, modificando dinamicamente a estrutura do hardware para atender a cada aplicação específica.
Durante a tese de doutorado, Bunnie se sentiu cansado e pediu um tempo para o orientador. O que faz um hacker quando não está trabalhando na tese de doutorado? Hackeia mais um pouco, neste caso, algo mais divertido como um XBox. Foi este episódio que catapultou Bunnie para a fama. Ele tinha ganhado um XBox da namorada e no seu período de descanso, pensou como seria interessante quebrar o XBox e poder utilizá-lo como um PC barato.
A história deste feito é longa, porém interessante. O ponto alto foi quando ele criou um sniffer para monitorar a bus que ligava o chip de vídeo ao processador, para achar a chave de criptografia do XBox, conforme a figura abaixo. Percebam na primeira imagem a placa na vertical que ele construi colada na placa mãe do Xbox e, na segunda imagem, a conexão da placa com uma placa de desenvolvimento utilizada para transferir os dados para análise posterior em um PC.


Quando a Microsoft soube do feito conversou “amigavelmente” com Bunnie e ambas as partes concordaram que Bunnie poderia publicizar o feito, desde que tivesse um cunho acadêmico. Isso originou o paper “Keeping Secrets in Hardware: the Microsoft XBox Case Study”
A editora Wiley & Sons viu o trabalho de Bunnie e pediu-lhe para escrever um livro mais abrangente sobre o tema, que fosse desde o problema especifico de hacking do Xbox até as bases necessárias, como solda, compra de componentes, arquitetura, pequenas modificações etc.
Quando o livro “Hacking the Xbox – An Introduction to Reverse Engineering” estava quase pronto, a editora, com medo do DMCA (Digital Millennium Copyright Act) cancelou sua publicação. O DMCA é uma lei de direitos autorais americana que criminaliza a produção e distribuição de tecnologias que possam burlar mecanismos de proteção de direitos autorais.
Neste momento o pessoal da EFF (Eletronic Frontier Foundation) veio a socorro de Bunnie dando a proteção jurídica necessária para ele publicar o trabalho. Inclusive um dos capítulos do livro é escrito pelo advogado chefe da EFF explicando a base da propriedade intelectual e em quais casos a engenharia reversa é lícita.
Com o suporte jurídico necessário, Bunnie criou a Xenatera Press. Uma editora localizada na própria casa dele, para publicar e vender o livro. Eu tenho um exemplar desta primeira edição, que é chamada de Special Limited Edition. Hoje você já pode comprar o livro dele na Amazon editado pela No Starch Press. Nas fotos abaixo podem ser vistos os livros sendo descarregados na garagem da casa, dentro do carro utilizado para o transporte até os correios e o final do processo.



Hoje Bunnie trabalha em uma empresa (Luxtera) que projeta chips óticos. É uma daquelas pequenas empresas que em breve tornam todos os seus engenheiros.



Vendo a história de Bunnie, quantos hackers você conhece?
Existe alguma história de hacker brasileiro que deva ser compartilhada? Aguardo nos comentários!
OBS: Mais não vale aquele carinha que se diz hacker por que conseguiu "sozinho", colocar um keylogger em um computador de uma lan house para usar ORKUT e MSN de terceiros sem autoriação....xd
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